Por Edmilson R. de Oliveira

Revista/histórico:

Em 2010 foi criada a revista radioenegocios.com com o claro propósito de ser uma opção de leitura e reflexão para os profissionais do rádio e de outras atividades que atuam dentro desta cadeia de valores. Um desafio e tanto, pois foi a 1ª publicação com conteúdo 100% rádio. A edição número 1 da radioenegocios.com chama em sua capa, de forma provocativa, para a “segunda reinvenção do rádio”. Lança um olhar sobre as tecnologias disponíveis e aponta como expandir os negócios do meio ao tirar proveito disto. Em entrevista, Heródoto Barbeiro alfineta sobre os novos rumos do rádio e do jornalismo.

De lá pra cá pautas instigantes e oportunas desfilaram pelas capas da RN, sempre destacando o que acontece nos bastidores do rádio e também na carreira de nomes e personalidades que dão vida ao rádio brasileiro.

Assuntos e polêmica:

Não faltaram assuntos: O ECAD e as polêmicas da arrecadação e distribuição de valores; a discussão do ensino do rádio nas faculdades e nos cursos profissionalizantes; a relação difícil entre o rádio e a propaganda (nem divã de analista resolve…), por que os jingles sumiram?; a cobertura política no  rádio e seus imbróglios;  Especial Brasil Radio Show onde o bicho pegou com discussões acaloradas e Heródoto profetizou “um tsunami se aproxima e vai varrer o velho rádio”;  entrevista primorosa com Carlos Townsend que afirmou “o rádio musical vai acabar”;  Luiz Airão discutindo o famoso jabá;  O AM Digital e o crucial momento de decisão;  as radionovelas;  os embates sobre a radiocomunitária;  o centenário do rádio ( fez 90 anos em 2012, e aqui fomos além…); a regulamentação dos serviços de radiodifusão; sonoplastia: como trabalham as feras do áudio;  entrevista corajosa  com Marcelo Braga o “cara” do FM que avisou “rádio via antena não acaba …mas perderá relevância”.

Mais assuntos e as tendências (estas demoram muito…e como!).

Pensa que acabou? Nada disso! Teve mais: jornalismo esportivo com linguagem informal e interatividade, dão o tom do rádio na cobertura de megaeventos;  merchandising no rádio não é bom?, é indispensável (Milton Neves); quem leva vantagem entre IBOC X DRM no rádio digital? ;  como aumentar a receita no rádio na era digital?; a migração do AM para os canais 5 e 6 é boa ou ruim?;  o papel fundamental do Escuta, e muito, mas muito mais a revista mostrou neste período que já contabiliza 13 edições, em versões impressa e digital (web).

O Futuro num evento nos EUA

Em 2013 fomos cobrir uma conferência chamada “What is Radio?”, realizada no Turnbull Center, em Portland (USA) na University Of Oregon School of Journalism and Comunication. Ali em 19 painéis dedicados só ao rádio, pesquisadores, acadêmicos, profissionais e estudantes exploraram, em ambiente de franco otimismo, o passado, presente e o futuro do rádio. A revista publicou entrevistas e diversos artigos em áudio MP3. Todos de nomes que pontuaram na programação do “What is radio?” e que disseram para os brasileiros como são suas experiências atuais.

É a nossa contribuição para profissionais, estudantes e amantes do rádio. Nesta edição será possível vislumbrar de forma clara e precisa, a quanto anda o rádio na terra do Tio Sam e também noutros países. Além de inúmeras outras Universidades de estados da América, os palestrantes que ali marcaram presença vieram de diversos e inimagináveis lugares. Na bagagem trouxeram o jeito e a forma de fazer rádio de facetas e propósitos muito diferentes. Vieram de: Índia, Canadá, Reino Unido, Polônia, África do Sul, Austrália, Brasil.

Internet e o Rádio:

Os assuntos neste segmento são intermináveis. Ainda mais, num momento em que o rádio brasileiro busca recuperar a autoestima perdida. Aliás, sempre que surgem novas tecnologias – como a internet atual – o rádio entra em órbita. Foi assim no inicio da TV. Leva tempo, mas, o rádio se reinventa, converge, e incorpora brilhantemente a ameaça e tira proveito disto.

O marketing do rádio:

O rádio no Brasil nunca fez e ainda não faz marketing do seu negócio. Há unanimidade nesta afirmação. Ouvimos isto de norte a sul, de leste a oeste, todos os dias de forma direta e contundente de quem sente arder na pele as agruras de vender espaço na sua emissora.

A falta de informações e dados junto ao Inter-Meios (Meio & Mensagem) da sua publicidade auferida é uma prova disto. Apesar da audiência avassaladora, da capilaridade assombrosa cobrindo os rincões mais distantes, o Meio não potencializa seu negócio como faz a televisão e se contenta com uma participação do bolo publicitário menor que dois dígitos. Muito menor…

Tabelas diferentes de uma mesma emissora criaram sérios problemas num passado bem recente. É possível que isto ainda ocorra por aí. Começam a surgir ações para valorizar o meio, como a da entidade paulista de radiodifusão que vem propondo uma padronização na linguagem e também um manual de comercialização bem profissional.

O Futuro II: O que vem por aí em 10 anos?

Desperta enorme interesse o futuro do rádio. E nisto, no ano que o rádio fez 90 anos (2012) a revista radioenegocios, edição 8, foi muito além e buscou junto a especialistas, algumas previsões do que este meio pode aguardar nos próximos anos.

Algumas cabeças privilegiadas do meio foram estimuladas a imaginar como será o rádio no seu centenário, daqui a 10 anos. E aí valeu tudo: conteúdo, comercial, empresarial, pesquisa. Sim tudo isto pra saber pra onde vamos?

Quem opinou não foi gente do rádio, e sim prestadores de serviços que atuam no meio e amam muito o rádio.

Ao contrário das previsões sombrias, o rádio estará vivo e ativo no seu centenário. Mas, precisa se preparar para muitas mudanças, e que certamente não serão nada fáceis. “No seu caminho há um rio caudaloso a ser atravessado” comentou alguém. Todos foram ouvidos pelo genial Luiz Romagnolli que, com seu estilo bem peculiar e “bacana”, conseguiu extrair do Luiz Fernando Magliocca (Publinter e hoje na Radio Disney), ideias originais e inovadoras, em que afirmou “O conteúdo é o grande negócio do futuro”. E salientou: “usar a voz com ilustrações musicais e pequenas sonoridades que possam só qualificar um pouquinho mais a fala”.

Já Geraldo Leite (Singular Arq. de Mídia) enfatizou que “todo mundo pode ser um veículo de comunicação. E o rádio vai se aproximar disto”. O fato é que o radio deve ser cada vez mais do ouvinte, do que da massa que ouve rádio. “O bom comunicador de rádio não fala: vocês que estão me ouvindo. Ele fala “você”. E cada um entende como se fosse só para ele”.

Por outro lado, Toninho Rosa (Dainet) um otimista contumaz, que defende o rádio como poucos afirmou “daqui a dez anos, seguramente o rádio mais que dobrará a verba de propaganda que ele tem hoje”.  Diz com absoluta segurança que as novas plataformas do rádio nos farão viver uma revolução sem precedentes. O rádio AM vem reivindicando estender a faixa do FM, que fica perto dos canais 5 e 6. Isto poder ser um marco. Os receptores poderão sintonizar um grande numero de emissoras, onde todas serão FM.

É bom ter em mente, afirma Toninho Rosa, que lá na frente, em dez anos, haverá outra sociedade muito ativa.  Suas atividades cultural, social ou de lazer vai seguramente tirar as pessoas cada vez mais de suas casas, tendo a frente um dia cheio de tarefas. O que dará enormes vantagens para o rádio, líder incontestável de audiência e, cá pra nós, pouco observado pelos empresários. “Afinal a televisão exige que você fique parado, mas as pessoas são móveis”, resume Rosa.

Por fim Dora Câmara (Ibope Media) com toda a sua experiência com números e dados diz “eu posso ter a minha rádio, você pode ter a sua. No entanto deve ter um provedor que organize isso. As pessoas querem simplificar a vida, não dificultar”. Com isto quis dizer que hoje o mundo não tem mais fronteiras, o que é muito bom para o rádio, porque se pode ouvir a radio que se gosta em qualquer lugar do mundo. As novas gerações não deixam de ouvir rádio. O acesso por smartphones, telefones celulares conforme pesquisa do Target Group Index apontam um crescimento significativo de quem ouve rádio em dispositivos móveis.

A força do rádio:

Dá só uma olhada na tremenda força e poder que o rádio possui:

  • Existem 9.184 emissoras de alta, média e baixa potência (Minicom/Imprensa Abert);
  • 150 milhões de ouvintes todo dia
  • 87,9% dos domicílios brasileiros tem rádio;
  • 80 milhões de receptores celulares c/ rádio, fora smarphones, ipods, MP3, MP4 (Abert, Midia Dados, Embrasec).
  • 44 milhões de automóveis, onde 83% tem rádio, fora caminhonete e outros (Denatran/2013)
  • 2,6 milhões de caminhões, onde 100% tem rádio
  • É a mídia com maior índice de satisfação junto ao público: 73%

Fontes: Minicom/Imprensa Abert 2011/Denatram 2013/Midia Dados 2012/Pesquisa Propeg.

Powered by themekiller.com